.

.

jueves, 4 de mayo de 2017

Ingrendientes da Derrota


Fonte :Unitaangola
Ingredientes da derrota do MPLA nas eleições de Agosto - Lourenço Bento
LBA.jpg
O Presidente da República de Angola, Eng. José Eduardo dos Santos convocou para dia 23 de Agosto de 2017, as quartas eleições na história do nosso país. Tal acontece depois dos pareceres favoráveis da Comissão Nacional Eleitoral de que estão criadas as condições para a ocorrência do pleito e do Conselho da República.

Quanto à conversa sobre a criação de condições materiais, logísticas e financeiras talvez estejam criadas, mas as condições políticas estas deixam muito a desejar, sobretudo porque os actores políticos não parecem ter todos os seus direitos assegurados. Vemos, por exemplo, o candidato do MPLA a utilizar os meios públicos, como aviões da força aérea, para se deslocar de Luanda para as províncias. Vemos comboios a participarem no transporte de populares para actos de massas organizados para divulgação da imagem do candidato do partido no poder. Vemos também autocarros envolvidos nesse processo. Além do mais altas figuras do Estado angolano que deviam ser equidistantes e neutras, estão envolvidas de corpo e alma na preparação de actos de massas de João Lourenço. O mais grave nesta matéria é a forma como os meios de comunicação social andam atrelados ao MPLA, como se de sua exclusiva propriedade se tratasse. A ética está completa e totalmente ausente. Umas vezes nas vestes de Ministro da Defesa, outra de vice-Presidente do MPLA, outras ainda nas vestes de candidato do MPLA, vemos João Lourenço a beneficiar de tempos de antena na TPA e na Rádio Nacional de mais de meia hora e com várias sessões de reposição.


Estes factos aqui relatados afectam, gravemente as condições políticas, porque não têm todos os actores políticos, a mesma liberdade para todos usufruírem dos bens públicos. Além disso, as condições políticas são também questionáveis, porque o registo eleitoral foi conduzido por uma entidade que não devia ser e substituiu a CNE neste papel. Registaram-se muitas infracções denunciadas, prontamente por forças políticas que fiscalizaram o processo e que ainda não foram esclarecidas pelo MAT, que quando tentou fê-lo com evasivas.

Essas situações, do meu ponto de vista, são ingredientes da derrota do MPLA. Há quem pense que não, mas são. Os angolanos estão maduros e sabem que quem age assim, num processo eleitoral que devia ser o mais democrático possível, justo e transparente, está a jogar numa base desleal e quem é desleal não merece confiança, é malandro, é gatuno, noutras palavras.

Outro ingrediente da derrota do MPLA são os 42 anos de governação falida, em que o governo do MPLA não conseguiu dar soluções aos problemas mais básicos das populações. Programa água para todos foi um chavão com que enganaram o povo nas eleições de 2012. Tentaram em alguns bairros estabelecer a rede de distribuição de água ao domicílio, mas quando beneficiaram? Em alguns casos, o projecto foi abandonado, por falta de recursos financeiros, como dizem. Maior parte da população não faz parte das estatísticas do Estado quanto à distribuição de água potável. Consomem água bruta dos rios e das cacimbas. A par de água está o problema de energia eléctrica, onde os problemas agudizaram-se. Em Luanda onde a situação que nunca esteve bem, as coisas andam de mal a pior. Com as famílias com algumas posses a recorrerem a geradores domiciliares e a alternativas de iluminação perigosas. O refúgio perante o quadro dramático tem sido a construção da barragem de Laúca evocada como a mãe das soluções de energia em Angola e em Luanda em particular. Hummmmm!

Tentaram fazer alguma coisa com a construção de estradas que não duram nada e já andam partidas e a criarem acidentes de viação, que provocam mortes todos os dias. As estradas duram pouco, porque os fundos são desviados em esquemas de corrupção/comissão. A rede viária está um autêntico caos. Que o digam os automobilistas que se deslocam de Luanda para o Centro-Sul, para o Leste e para o Norte. Restava a alternativa da rota marginal Luanda-Benguela, que pela pressão que sofre está também em condições degradantes e arriscadas. Por causa das eleições que vêm aí, prometeram reparar as vias com fundos vindos da China. Alguém viu por aí estradas intervencionadas e melhoradas? Talvez será somente em Agosto, para impressionar o eleitorado.

A promessa de um milhão de fogos habitacionais, que vem de 2008, reiterada em 2012, não passou de promessa. O projecto de duzentos fogos por município também anda malparado. São coisas concretas que o governo do MPLA prometeu e não cumpriu. Nesse rol de promessas devemos recordar-nos de um milhão de postos de empregos para jovens. Também nada foi feito e os índices de desemprego entre jovens aumentaram, piorando os níveis de pobreza entre as famílias. Portanto, o não cumprimento de promessas feitas é outro ingrediente da derrota do MPLA nas próximas eleições.

As condições de vida dos cidadãos angolanos pioram a cada dia que passa, em resultado da governação desastrosa do MPLA em todos os domínios. A capacidade de sobrevivência das famílias é praticamente nula, perante os níveis de galopantes de inflação, que corroem o poder de compra dos salários míseros dos trabalhadores.
Como pretende o Presidente do MPLA, José Eduardo dos Santos, vitória expressiva do seu Partido nas próximas eleições, perante um quadro social tão dramático?

Depois de não ter podido cumprir as promessas feitas em eleições anteriores, não vejo o MPLA e o seu cabeça de lista, com moral de voltar a prometer, para com isso atrair o voto dos eleitores. Em quê confia José Eduardo dos Santos ao pedir vitória expressiva? No registo conduzido pelo MAT e não pela CNE? No não apuramento municipal, na introdução de elementos estranhos à CNE no processo eleitoral? Ou na distribuição de mandatos baseados nos computadores? Talvez, caso não, não existem condições para a vitória do MPLA, nas eleições de 23 de Agosto de 2017. Olhemos para os níveis de insatisfação geral que reina na sociedade angolana com a má governação do MPLA.

As greves dos professores que observa a sua segunda fase, dos funcionários da Procuradoria-Geral da República e dos pensionistas da Caixa de Segurança Social das FAA, que reclamam a reposição dos seus direitos na ordem dos 48 biliões de Kwanzas desviados há oito anos, explicam bem o cenário de rejeição do MPLA e da sua liderança.

E como tal não existem condições subjectivas e objectivas para o MPLA reclamar vitória nas eleições de 2017.